Arte Atual Festival - Coisas Sem Nomes
Olivia Ardui e Marco Antonio Mota

Descolorindo cada centímetro

Ouço dasabafos

Sem saber o que desconvidar

Desvirtuo escritas anônimas

Desnecessárias

 

Desafirmando o contrário

Do desaforo não formulado

Desafino a coreografia

Atropelando o descarrego

Desaceso ao fim do dia

 

Descortino o roteiro das inusitâncias

Quando desertar significa chorar

Uma desfaçatez descartável

Desfalece para nunca mais

Os filamentos da desmontagem

As fantasias da desfama

As escamas da desidratação

 

O momento do displante é eterno, memorável

Desforra do verão no inverno

Das vestimentas desfocadas

E da preguiça desmaliciosa

Desmamando os tubos viscosos

Dissociando coerências absurdas

Desmandamentos

 

O vôo do meu cadáver desimpedido

Desinquieto na sua tumba

Deslavados os tons

Da angústia deslumbrada

No desmentir do paraíso perdido

A despeito de tempo e espaço

 

Despejado do altar

Horizontes despovoados de raios

O despudor me envolve e cresce

E dispensa reviravoltas

Desterros de memórias

Escondidos no distrato de um armário de hotel



Olivia Ardui é Curadora do Instituto Tomie Ohtake

Marco Antonio Motta é artista plástico