Descolorindo cada centímetro
Ouço dasabafos
Sem saber o que desconvidar
Desvirtuo escritas anônimas
Desnecessárias
Desafirmando o contrário
Do desaforo não formulado
Desafino a coreografia
Atropelando o descarrego
Desaceso ao fim do dia
Descortino o roteiro das inusitâncias
Quando desertar significa chorar
Uma desfaçatez descartável
Desfalece para nunca mais
Os filamentos da desmontagem
As fantasias da desfama
As escamas da desidratação
O momento do displante é eterno, memorável
Desforra do verão no inverno
Das vestimentas desfocadas
E da preguiça desmaliciosa
Desmamando os tubos viscosos
Dissociando coerências absurdas
Desmandamentos
O vôo do meu cadáver desimpedido
Desinquieto na sua tumba
Deslavados os tons
Da angústia deslumbrada
No desmentir do paraíso perdido
A despeito de tempo e espaço
Despejado do altar
Horizontes despovoados de raios
O despudor me envolve e cresce
E dispensa reviravoltas
Desterros de memórias
Escondidos no distrato de um armário de hotel
Olivia Ardui é Curadora do Instituto Tomie Ohtake
Marco Antonio Motta é artista plástico