5 de agosto a 17 de setembro 2017
A série fotográfica “Expedição ao Deserto”, com 27 imagens, é resultado de experiências imersivas de Geórgia Kyriakakis em São Paulo. Neste projeto contemplado pelo ProAc, a artista visita e fotografa áreas movimentadas da cidade quando estão totalmente desertas em virtude de feriados, campeonatos esportivos, tensões políticas, climáticas, entre outras razões. Suas expedições consistem em estar onde ninguém está ou não estar onde todos estão – tal como um desvio numa rota previsível ou num fluxo programado.
Para Kyriakakis esse movimento – que paradoxalmente encontra o isolamento em espaço público – é um deslocamento em direção a uma situação singular de tempo e espaço na qual a paisagem e as características da cidade são transformadas radicalmente. “As fotos, revelam o silêncio, a imobilidade e a inatividade que habitam o lugar como potência e possibilidade. Elas suscitam imagens arquetípicas de cidades vazias e abandonadas e criam um desajuste naquilo que julgamos familiar e cotidiano no reconhecimento da cidade”, completa.
A primeira expedição foi realizada em 21 de fevereiro de 2012, uma terça-feira de carnaval, no centro de São Paulo. Uma segunda série foi obtida na Zona Oeste de São Paulo, nas avenidas Dr. Arnaldo, Sumaré e Heitor Penteado, durante a abertura da Copa do Mundo no Brasil, em 12 de junho de 2014. A terceira expedição foi realizada no Bom Retiro, no 1o dia de 2017.
As 27 imagens são compostas em três grupos de nove nos quais, impressas nos vidros que emolduram cada conjunto, estão recortadas palavras, com jato d’água de alta pressão, formando a frase: “estar onde ninguém está” e “não estar onde todos estão”. A interação da linguagem verbal com os materiais usados nos trabalhos é um procedimento recorrente na trajetória da artista para explorar as relações entre a virtualidade da imagem e a concretude do mundo.
a artista
Geórgia Kyriakakis (Ilhéus, BA, 1961 - Vive e trabalha em São Paulo) é formada em Artes Plásticas pela FAAP, mestre e doutora em Artes pela USP. Leciona desde 1997 na Faculdade de Artes Plásticas da FAAP, onde também atua na pós-graduação. Dentre as exposições, destacam-se: “Espelhos e Sombras”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro (1994 e 1995 respectivamente); a 23ª Bienal Internacional de São Paulo (1996); as exposições “Beelden uit Brazilie”, no Stedelijk Museum de Schiedam, e “De Huit Van Witte Dame” (ambas na Holanda, 1996); a terceira edição do projeto “Arte/Cidade”, São Paulo (1997); “Caminhos do Contemporâneo”, no Paço Imperial, Rio de Janeiro (2001); São Paulo – 450 Anos – Paris”, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, e “Heterodoxia”, Galeria Artco, Lima, Peru (2004). Em 2008, participou da mostra “Parangolé – Fragmentos desde los 90”, Museo Pateo Herreriano, Valladolid, Espanha. No mesmo ano, a editora espanhola Dardo/DS lançou, em parceria com a Galeria Raquel Arnaud, uma monografia trilíngue sobre seu trabalho. Artista participou ainda das mostras: “Estética Solidária”, Fundação Abraço, Lisboa, Portugal (2009); “Paralela 2010”, Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo (2010); “Picada”, SESC Pompéia/Mostra SESC de Artes, São Paulo, e “Temporada de Projetos 2012 - Paço das Artes”, São Paulo (ambas em 2012); “O Exercício da Arte”, Museu de Arte Brasileira, MAB/FAAP, São Paulo e “MAC 50: Doações Recentes 1”, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (ambas em 2013), além, no mesmo ano, da individual “Meridianas”, Galeria Flávio de Carvalho – Funarte São Paulo; “Experimentando Espaços 2”, Museu da Casa Brasileira, São Paulo (2014); “Memórias e ações dos Salões de Arte Contemporânea de Santo André”, Salão de Exposições do Paço Municipal de Santo André, Santo André (2015); e várias coletivas e individuais na Galeria Raquel Arnaud, São Paulo, que a representa desde 2001.