Cor e estrutura – pinturas, desenhos e colagens de Renata Tassinari


De 6 fevereiro a 29 março 2015

Para abrir seu calendário de 2015, o Instituto Tomie Ohtake reúne pela primeira vez cerca de 50 obras de Renata Tassinari. São pinturas de meados dos anos 1980 até 2013 que apresentam ao público a rica trajetória da produção da artista paulistana, particularmente tomando como fio condutor a importância que o procedimento da colagem adquiriu na formação de sua poética. Colorista por excelência, Renata Tassinari desenvolve seu trabalho tendo como base uma estrutura simples a qual explora renovando os materiais.

Formada em artes plásticas pela Faap, Renata iniciou sua produção com pinturas que mesclavam elementos figurativos à gestualidade, característica da pintura da geração 80. Aos poucos, a artista abandona tais elementos, dando lugar a uma ampla pesquisa de cor, que até hoje é a principal marca de seus trabalhos. O uso de elementos na superfície da tela, como lixas, madeiras, borracha, papelão, chumbo etc, ou a aplicação de diferentes técnicas como encaustica e esmalte sintético, possibilitou a criação de diversas relações entre a cor e o suporte. 


    
       

Segundo Taisa Palhares, que assina a curadoria da exposição, ao mesmo tempo em que as diferentes texturas dos materiais potencializam a superfície colorida da tela, essas ações de assemblage também remetem a uma questão central para pintura contemporânea. “Se por um lado essas telas revivem, por exemplo, a força das cores matissianas, por outro, em sua relação com as coisas ordinárias do mundo, os trabalhos desenvolvidos entre meados dos anos 1980 e 1990 nos fazem pensar nas pinturas de um dos pioneiros da arte pop, o norte-americano Jasper Johns, que em seus quadros de alvos e bandeiras nos colocava diante desse mesmo dilema entre a “pureza” abstrata da cor e das formas geométricas e a heterogeneidade da vida contemporânea”, afirma a curadora. 

Para Palhares, a tensão entre a autonomia da cor e a pintura como objeto manufaturado é o que mais interessou a artista ao longo de sua carreira, que se concretizou na década de 2000 com uma série de trabalhos nos quais Renata transforma a própria moldura da tela, seja de acrílico ou em madeira padronizada em MDF, em elemento da composição. No intervalo entre a produção recente e os primeiros trabalhos, Renata revela seu domínio sobre as cores em telas de aparência construtiva. "Na verdade, descontroem, com sutileza, a totalidade da superfície pictórica, impelindo à observação as marcas de suas divisões, que muitas vezes correspondem à separação física do próprio suporte, já que algumas pinturas são formadas pela montagem de duas telas”, conclui a curadora.


 



REALIZAÇÃO