De 26 de agosto a 29 de outubro de 2022
De terça a domingo, das 11h às 20h. Entrada franca.
Rodolpho Parigi – latexguernica
O artista concebeu especialmente para esta exposição um mural com mais de 8 metros de extensão em que cria seu universo fantástico
latexguernica, a primeira mostra panorâmica dedicada à produção do paulistano Rodolpho Parigi em uma instituição brasileira, visa narrar seu processo de pesquisa por intermédio de um conjunto significativo de obras, compreendidas entre os anos 2000 e 2022. A individual, com curadoria de Paulo Miyada, Diego Mauro e Priscyla Gomes, composta por cerca de 70 pinturas, percorre momentos-chave da trajetória do artista, destacando a imponência de seus retratos, um dos gêneros pictóricos que atualmente toma grande parte dos seus estudos.
Nas obras reunidas, sob a superfície muitas vezes hiperbólica de suas paletas e composições, o artista revisita referências do universo artístico. Conforme apontam os curadores, seu trabalho se estabelece no limiar entre abstração e figuração valendo-se de uma série de referências que vão desde a tradição da pintura acadêmica ocidental ao design gráfico, publicidade, cultura pop e a música. “Há em seu processo pictórico um investimento libidinal que deglute referências, as historiciza e as revisita. Grace Jones, Gian Lorenzo Bernini, Bach, Rubens, Velasquez, Albert Eckhout e RuPaul convivem repletos de atração e contágio, dada a desenvoltura de Parigi em dessacralizar certos dogmas estabelecidos”, esclarecem.
Além desse panorama de sua produção, um mural, Látex Guernica, com mais de 8 metros de extensão, foi produzido exclusivamente para a mostra, que contou com a colaboração da Galeria Nara Roesler. Na grande pintura, uma mesa de mármore define os contornos da cena habitada por uma miríade de personagens, volumes, esculturas, corpos e anatomias mascaradas. Ao centro, o Congresso Nacional desenhado por Oscar Niemeyer é atravessado por obras de Tarsila do Amaral e Maria Martins. Ao redor deste arranjo, a pintura está tomada por uma diversidade de formas: mobiliário de Sérgio Rodrigues, esculturas de Érika Verzutti e Hans Arp, urna funerária do povo marajoara, frutos tropicais, e, em especial, os corpos vestidos em body suits de látex que remetem às Sessions do artista performático australiano Leigh Bowery. Há, em especial, fragmentos da monumental pintura feita por Pablo Picasso em protesto contra a destruição perpetrada pelo fascismo, a Guernica (1937). “Aliando tradição à perversão, prosaísmo à alta cultura, Parigi condensa, na pintura de grandes dimensões Latex Guernica, anos de pesquisa e produção em uma cena que congrega simulacro, realidade e farsa”, completa os curadores.
Rodolpho Parigi (São Paulo, SP, 1977) é um dos integrantes da geração de pintores que despontaram nos anos 2000, com um processo artístico pujante que abarca constantes revisões e novos direcionamentos. Com grande domínio da prática pictórica, o artista aborda de maneira eloquente uma vasta iconografia da história da arte ocidental, revisitando temas à luz de referências contemporâneas.