27 de agosto a 3 outubro 2015
Em mais de 60 anos de produção, Tomie Ohtake concebeu um conjunto notável de trabalhos e se aventurou por diversas linguagens, sem se desvencilhar dos principais eixos que pautaram sua pesquisa: a cor, o gesto e a materialidade. Tomie Ohtake: cores gravadas, linhas no espaço, realizada pela CPFL Cultura e com curadoria do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake, concentra-se na gravura e na escultura, áreas que, ao lado da pintura, são igualmente vastas na produção da artista.
Segundo a curadoria, em ambas destaca-se a fluidez com que ela transpôs os traços e movimentos da pintura, tão particularmente seus, para esses novos materiais – mais rígidos e com outros limites. "A gestualidade se faz presente nessas práticas, seja nas curvas e torções dos tubos de aço que parecem ter sido moldados pelas próprias mãos de Tomie, seja nas imprecisões das formas presentes nas gravuras, retiradas com fidelidade de estudos realizados pela artista rasgando e cortando papéis, deixando claro seu compromisso na execução do trabalho", destaca o Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake
A gravura na obra da artista surgiu quinze anos após já ser reconhecida pintora brasileira. Inicialmente suas impressões eram em serigrafia, com as superfícies chapadas de cores, até chegar à construção de planos quebrados, ondulados, desvanecentes. Aos poucos, a artista desenvolveu novos meios, a litografia, com diferentes possibilidades, como desenhos feitos a lápis. Porém, foi na gravura em metal que encontrou a mesma liberdade do pincel e com a qual seguiu trabalhando.
As 44 gravuras presentes nesta exposição apontam como Tomie fez desta técnica um campo fértil e inovador. Criou séries em grandes formatos, transformou a gravura em objeto, produziu obras que avançam de um plano ao outro (na confluência de 90 graus) e ainda trabalhou a quatro mãos na composição do álbum Yu-Gen, uma série inspirada no Japão, com poemas de Haroldo de Campos inscritos sobre imagens criadas pela artista. Com seu experimentalismo incomum, suas gravuras também ganharam reconhecimento internacional, desde 1972, quando foi convidada a participar da sala Grafica D’Oggi na Bienal de Veneza - exposição que contou com a presença dos mais importantes artistas do mundo, como os norte-americanos da Pop Art -, além de sua participação na Bienal de Gravura de Tóquio, em 1978, tradicional mostra internacional desta técnica.
Já a escultura na obra de Tomie surge a partir de 1996, quando foi convidada pela Bienal de São Paulo a participar com uma sala especial. Ela concebeu para o evento internacional uma série de peças em aço tubular, linhas flutuantes que, no lugar de imporem um volume, destacam o vazio. Desdobram-se desta série, quatro das esculturas reunidas em Tomie Ohtake: cores gravadas, linhas no espaço, enquanto o conjunto de três aros circulares, também presente na exposição, fez parte de sua primeira instalação, realizada a convite do Paço das Artes, em 2000. Com aproximadamente quatro metros de diâmetro, com formas diferentes e ondulares que chegam até a 1,50m de altura, os aros fazem um movimento pendular quando tocados, permitindo ao espectador movimentar as peças.
CPFL Cultura
Galeria de arte da CPFL cultura
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Campinas – SP