De 6 agosto a 29 setembro 2013
Nesta segunda exposição organizada pelo Instituto Tomie Ohtake no ano em que comemora o centenário da artista que lha dá o nome, os curadores, Agnaldo Farias e Paulo Miyada, vasculharam o ateliê de Tomie, em busca da gênese de seu processo de trabalho.
Dos milhares de esboços que a artista fez durante mais de seis décadas e das centenas que guardou, a dupla selecionou para a mostra cerca de cem materiais de estudos, entre colagens, desenhos, cadernos, croquis e maquetes de esculturas, que, divididos por famílias de linguagens, ocupam uma das salas do Instituto. Para refletir e contrapor entre o processo e a obra, outra sala abriga cerca de 30 trabalhos entre pinturas, gravuras e uma escultura.
Um dos fatos que surpreenderam os curadores foi constatar que em todos os estudos desenvolvidos por Tomie, apesar das mudanças de cor ou material em todos os suportes e em cada fase, ela criou um vocabulário próprio de formas que vão e voltam como uma inundação em toda sua obra. “[...] suas linhas não têm começo nem fim, elas retornam sempre, como letras de um alfabeto pessoal que Tomie manuseia incessantemente, percorrendo-as em tamanhos, cores e materiais variados”, afirmam os curadores.
Por muitos anos, Tomie rasgou e recortou páginas de revistas brasileiras e japonesas – além de cartões postais, envelopes e o que mais lhe caísse nas mãos – a fim de criar os módulos de seus estudos para pinturas e gravuras. Segundo os curadores, tratam-se de colagens pequenas, nas quais interessa não apenas o tamanho e a cor dos pedaços de papel, mas também a textura e os detalhes que podiam ser cuidadosamente emulados em suas telas.
Farias e Miyada descobriram também que, paralelamente, a artista preenchia cadernos e folhas soltas com dezenas de pequenos retângulos, cada um a síntese de uma pintura. Feitas com canetas coloridas, esferográficas, grafite e mesmo com picotes de papel, essas miniaturas podiam ser o ponto de partida de novas telas ou formar compilações de obras que, juntas, integrariam uma exposição. “Esse jogo torna-se mais elaborado conforme notamos que, mesmo depois de consolidadas em uma pintura, as formas seguem vivas, escoam para novas telas, às vezes com outras cores e pinceladas, às vezes “simplesmente” de outro tamanho. Se levarmos em conta suas gravuras, podemos desistir de vez de acreditar que as linhas de Tomie possam ser represadas em definitivo”, completam.